Antes de embarcar no assunto deste artigo, quero contar uma coisa que talvez você, apreciado leitor, não saiba ou nunca tenha parado pra pensar: terapeutas também têm problemas, também sofrem de dores emocionais e também precisam de ajuda, vez ou outra.
Recentemente, embarquei numa viajem de mudanças externas e internas que têm desafiado algumas crenças estruturadas que eu já queria destruir e que têm trazido à tona outras questões que eu nem sabia que estavam aqui. Tenho encontrado uma grande resistência em lidar com a minha própria vulnerabilidade.
Isso causa dor, ansiedade, angústia e, para a minha surpresa, medo!
Soa um tanto irônico ponderar a possibilidade de eu estar sentido medo de que aquilo de muito bom e legal que está se construindo na minha vida pode dar errado e, assim, comprovar o julgamento de que eu não sou capaz de conduzir uma vida boa e legal, como a que eu estou construindo e vivendo hoje!
Não chega a ser engraçado pensar que, de fato, “eu criei algo incrível pra minha vida”, mas tento me convencer que “eu sou incapaz de criar algo incrível” e, daí, fico com “medo de que o algo incrível que eu já criei acabe e prove que eu sou incapaz de criar aquilo que eu acabei de criar”, contrariando “todas as anteriores”? Isso faz algum sentido pra você?
Mas como evitar esse medo, essa ansiedade e essa angústia?
Eu sou um cara com viés democrático e, como tal, sou um ávido defensor da liberdade de expressão. Portanto, não sou diferente quando minhas vozes internas querem me dizer algo. Então, eu decido NÃO EVITAR o medo, a ansiedade e a angústia, deixando que esses sentimentos se manifestem em toda a sua intensidade, até se esgotarem, a fim de que eu esteja consciente deles e seja capaz de entender qual é a mensagem que eles estão gritando pra mim.
Toda crise traz novas informações sobre antigas negligências. Meu medo, minha ansiedade e minha angústia, quando livres pra se expressarem, trazem todas as informações que eu preciso pra mudar o que quer que seja que eu queira mudar e pra manter o que quer que seja que eu queira manter.
Nenhum sentimento deve ser impedido de existir; todos têm direito à cidadania!
O importante nunca é o que eu sinto, mas o que isso está me dizendo e o que eu faço com esse sentimento, assim que o compreendo. Minha insegurança, por exemplo, me diz o que há de certo em mim e que eu não estou reconhecendo. De posse dessa informação, eu posso identificar aquilo que eu posso criar de ainda mais legal em minha vida, mas que não estou fazendo até aqui, por não saber como vai acabar.
E nós nunca sabemos como vai acabar, mas só realmente aproveitaremos e nos sentiremos realizados se o fizermos, independentemente de qual seja o resultado. Não fazer é a certeza da insatisfação. Fazer é, ao menos, a possibilidade de uma grande criação.
O que há de certo sobre você e o que você está vivendo agora e que você não está reconhecendo?
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REFERÊNCIAS:
Imagem ⸻”Anguish 260”, obra de Young Deok; disponível em: https://www.seoyoungdeok.com/anguish-260/
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