Todos os indivíduos são resistentes a mudanças principalmente de opinião. Contradizer alguém automaticamente aciona seus sistemas de defesa e torna o objetivo de apresentar uma nova perspectiva quase inatingível. Por outro lado, concordar com a pessoa no primeiro momento, desliga esse mecanismo e abre espaço para gradativa e sutilmente tentar mudar a direção do seu pensamento.
É como um trem desgovernado, sem freios. A estratégia mais segura de tentar pará-lo é colocar uma locomotiva potente na mesma linha acelerando o máximo até alcançar a composição e, estando mais rápida, tentar engatar no último vagão. Uma vez engatada e travada no trem, a locomotiva passa a frear gradativamente até que pare o trem por completo.
Na mente humana, a percepção da realidade é fortemente influenciada pelo sistema de crenças que paradoxalmente é construído por essa mesma percepção. Claro que há uma série de fatores que interferem nessa percepção, de condições genéticas ao contexto social onde se insere o indivíduo, mas essencialmente as pessoas agem em alinhamento com o que acreditam, dadas suas interpretações das evidências percebidas.
Infelizmente, essa percepção é falha e não raramente as crenças são equivocadas em alguns aspectos, gerando comportamentos e pontos de vista ineficientes ou desalinhados com determinados contextos. Mudá-los exige seu reconhecimento e isso só pode ser obtido se não houver resistência à ponderação de novas perspectivas.
Se você, de início, concordar não necessariamente com a opinião do outro, mas com a sua autenticidade, você então pode começar a sutilmente levantar falhas na estrutura dessa perspectiva por meio de perguntas relevantes a contextos onde tal posição se mostra ineficiente ou inadequada. Ao refletir para responder à sua dúvida, o outro pode perceber a inadequação e, assim, considerar a possibilidade de haver uma abordagem mais eficiente para o tema do que a que ele tinha como certa.
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SAIBA MAIS EM:
Alberto Dell’Isola, Mentes Fantásticas. São Paulo : Universo dos Livros, 2016.
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