Nossa percepção é o resultado do cruzamento de uma série de fatores internos e externos à nossa mente e que vão dos nossos sentidos e estado de humor, passando pelo que a gente acredita e pensa, até o movimento das pessoas e do ambiente ao redor. Esse processo, longe de ser uma operação precisa, rege os nossos estados emocionais e orienta nossas decisões.
O que isso tem de ruim, digo, de bom?!
Recentemente, eu recebi um texto acadêmico para o qual eu deveria encontrar referências bibliográficas que sustentassem as ideias lá descritas. Ao ler o texto, senti uma grande resistência às ideias que me pareciam opiniões aleatórias, sem qualquer raciocínio embasado. Entretanto, não demorei mais que meia hora para encontrar uma dezena de argumentos científicos que super validassem aquelas opiniões.
Foi aí que minha resistência aumentou!
Curioso e um pouco indignado, revi cada argumento, contemplando toda a amplitude das possibilidades de interpretação daqueles dados e afirmações. Qual não foi a minha surpresa ao constatar que, apenas mudando a perspectiva ou o ponto de referência, todos aqueles mesmos argumentos serviam para negar cada uma das opiniões estabelecidas no texto.
Pode ser assustador constatar que uma afirmação pode ser cancelada ou validada com um mesmo argumento, a partir de uma simples mudança de referência. É como entender que tudo pode ser falso e verdadeiro, ao mesmo tempo, dependendo “de onde estamos olhando”. O susto vem ao perguntar: “⸻Em que eu posso acreditar, então?!”
Passado o susto, você pode ponderar a ideia de flexibilidade e de consciência. Primeiro, se coloque presente no momento, totalmente integrado com tudo que há dentro de você e ao seu redor; então, pense no que de melhor você pode criar ali, para você e para os outros, a partir de tudo o que está à sua disposição, sem restrições; por fim, questione quaisquer sentimentos que surjam, desconfortáveis ou atraentes, para saber o que eles estão lhe dizendo sobre as possibilidades ali; por fim, escolha! Simples.
Sem julgar, apenas escolhendo a partir do que você sente atraente e possível no momento, você estará alinhado consigo mesmo e, se os resultados não forem como deseja, basta escolher novamente, e mais uma vez, e outra, e sempre...
Assim, não há frustração, não há desânimo, não há peso, não há arrependimento, nem mágoa ou ódio. Só há escolhas!
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