Ainda “ontem”, empresas venciam com inovação. Entretanto, para vencer “amanhã”, o Professor Clayton M. Christensen (Harvard) revela que as empresas precisarão criar novos sentidos e novas tendências que provoquem um salto inesperado e de grande impacto estrutural em produtos e serviços, atendendo públicos desassistidos pelo mercado com dinamismo. A história já acumula vítimas dessa nova realidade.
Quem não percebeu a ruptura morreu
Em 1975, Steve Sasson desenvolveu a câmera eletrônica, mas seus chefes na gigante Kodak duvidaram que alguém quisesse ver fotos em televisores. A Kodak entrou em falência em 2012, mesmo ano em que o Instagram ―aplicativo nativo para fotos digitais, criado em 2010 a ‘custo zero’, por dois alunos de Stanford― era adquirido pelo Facebook por US$ 1 bilhão.
Enquanto a Nokia e a BlackBerry eram imbatíveis com seus telefones ‘inteligentes’, em 2007, a Apple lançava seu computador móvel que também fazia ligações telefônicas. As duas marcas gigantes da telefonia morreram pouco depois, enquanto a Apple se tornava um dos mais desejados produtos do mercado.
E há mais ainda por vir.
‘Ross’ é um advogado virtual desenvolvido pela Universidade de Toronto (Canadá) e a IBM. É capaz de consultar milhões de arquivos e responder em linguagem jurídica em apenas alguns segundos ―tarefa que exige dias quando realizada por humanos.
A questão agora é: quanto as empresas, os gestores e os colaboradores de hoje estão preparados para essa perspectiva?
Equipes, conflitos e resultados
Estudos do Instituto Comunicagem (2017) mostram que 71,3% dos resultados dos negócios advém das lideranças, e 63,9% dos conflitos, da comunicação. Uma pesquisa do Hay Group & Harvard (2013) avaliou que, no Brasil, 63% dos líderes promovem um clima desmotivador e apenas 12% estimulam a motivação. Análises da Fellipelli Consultoria & OPP (2016) apontaram que os brasileiros gastam 1,9 horas/semana (91,2 horas ou 11,4 dias/ano) na tentativa de solucionar conflitos. Estima-se que a produtividade média das equipes de trabalho seja comprometida em 43% e a qualidade dos resultados, em 37% em função disso.
Como uma empresa ou um indivíduo pode criar e produzir resultados disruptivos neste cenário?
Visão, flexibilidade, foco e comunicação
Uma análise teórica nos mostra que a percepção define o sentido que um indivíduo atribui às experiências e a emoção disparada pelo significado do contexto influencia o comportamento e a comunicação desse indivíduo, cujo impacto reproduzirá o mesmo ciclo naqueles ao seu redor. Quanto maior a amplitude da percepção, maiores serão as possibilidades de sentido possíveis para a experiência. Com mais opções, o indivíduo pode escolher como se sentir e estrategicamente influenciar os outros com quem se relaciona.
Portanto, para produzir resultados disruptivos, é preciso uma ampla visão de espaço e tempo, flexibilidade para questionar paradigmas, foco estratégico e a prática da comunicação assertiva na apresentação de ideias e objetivos, bem como na negociação de soluções.
Da cognição à ação
Para que essa competência exista na prática, o ponto de partida é a identificação do perfil das equipes e profissionais frente à abordagem de contextos, problemas e soluções, com base na avaliação de seu desempenho em termos da eficiência e da relevância dos resultados já produzidos. Na sequência, exercícios de ampliação da percepção, aprimoramento da capacidade de identificação de oportunidades e de desenvolvimento da criatividade devem ser orientados por esses parâmetros.
O elemento-chave, contudo, reside nos hábitos tanto da empresa quanto de seus profissionais, os quais precisam ser assertivos ao ponto de promover a criatividade e a produtividade, evitando o conflito.
Com o Mindset Disruptivo estabelecido proporciona recursos para que os profissionais encontrem ‘janelas’ nos modelos de atuação em vigência, desenvolvam e implantem ideias que reestruturem a perspectiva da área de atuação e promovam a identificação e o engajamento de seu público. Assim, a empresa ganha em posicionamento ―previsão antecipada e precisa de demandas, retrações e tendências de mercado―, em produtividade ―mais eficiência e menos retrabalho― e em eficiência e qualidade funcional ―maior prazer e comprometimento com o trabalho reflete em estresse reduzido, o que implica em menos conflitos, maior produtividade, melhores resultados e redução nos índices de absenteísmo.
Você já faz parte dessa tendência?
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PARA SABER MAIS:
Em 1939, o economista austríaco Joseph Schumpeter usou o termo ‘Destruição Criativa’ ao se referir à inovação criativa e ao ciclo dos negócios. Como descrito detalhadamente por Karl Marx, o processo de mutação da indústria no mundo capitalista incessantemente revoluciona a estrutura econômica de dentro para fora, sempre destruindo a estrutura anterior. Em um artigo publicado em 1995, o professor de Harvard, Clayton Christensen, introduziu o termo ‘Disruptive Technology’ (ou, ‘Tecnologia Disruptiva’) para descrever a inovação tecnológica que “rompe” com as práticas anteriores, tornando obsoleta a tecnologia vigente. Assim, como uma expressão aportuguesada do inglês ‘disruptive’, que significa ‘que rompe’, e de ‘mindset’, que significa ‘estado mental’, o termo ‘Mindset Disruptivo’ foi adotado como jargão corporativo para se referir aos produtos, serviços e processos inovadores que revolucionam o mercado a partir da oferta de benefícios mais simples, baratos, eficientes, abrangentes ou específicos para um nicho, desestabilizando e até eliminando concorrentes. Exemplos: Google, Wikipédia, EasyTaxi, Airbnb e Netflix.
REFERÊNCIAS:
Chunka Mui, Forbes, How Kodak Failed. Disponível em: <https://www.forbes.com/sites/chunkamui/2012/01/18/how-kodak-failed/#501952f36f27>. Acesso em 18 de novembro de 2017.
Bruce Upbin, Forbes, Facebook Buys Instagram For $1 Billion. Smart Arbitrage. Disponível em: <https://www.forbes.com/sites/bruceupbin/2012/04/09/facebook-buys-instagram-for-1-billion-wheres-the-revenue/#249e930d4b8a>. Acesso em 18 de novembro de 2017.
InfoMoney, Maioria dos líderes desmotiva seus funcionários, revela pesquisa. Disponível em: <http://www.infomoney.com.br/carreira/gestao-e-lideranca/noticia/2828843/maioria-dos-lideres-desmotiva-seus-funcionarios-revela-pesquisa>. Acesso em 3 de dezembro de 2017.
Fellipelli Consultoria, O Problema da Comunicação e a Gestão de Conflitos. Disponível em: <https://www.fellipelli.com.br/2017/08/04/o-problema-da-comunicacao-e-gestao-de-conflitos/>. Acesso em 3 de dezembro de 2017.
Instituto Comunicagem. Influência da comunicação assertiva na produtividade. São Paulo: 2017.
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