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  • Foto do escritorCássio C. Nogueira

Mais que um exemplo

O prefeito do município de Ajudaí acaba de lançar os planos para o futuro da cidade que criará novos empregos, principalmente na área da sustentabilidade.


Preocupado com os coelhos do mato, habitantes tradicionais da área rural de Ajudaí, o prefeito está destinando parte do erário público para as despesas com gastos na proteção do seu habitat natural e na educação da população do campo a fim de que homem e animal convivam juntos e em harmonia! O prefeito está orgulhoso por encarar de frente mais esse desafio que reúne diversos segmentos da sociedade ―até um general do exército irá deslocar soldados para auxiliar na conscientização da população.


Há dois anos atrás, um cabo do corpo de bombeiros morreu combatendo as labaredas de fogo que consumiram dois terços da mata de Ajudaí. Foi então que a viúva do falecido, com lágrimas nos olhos, começou uma campanha junto com o poder público para a defesa do meio ambiente. O prefeito está tão orgulhoso do engajamento de toda a população que já decidiu escrever sua autobiografia, na qual espera poder registrar o fato de que Ajudaí tornou-se a cidade mais sustentável de todos os países do mundo!


Na próxima sexta-feira, às três horas da tarde, a prefeitura municipal oferecerá um “brunch” à população para oficializar o início dos trabalhos! É um bom começo, afinal, são os pequenos detalhes que fazem a diferença, não é mesmo?

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IMPORTANTE!


Você deve ter notado algo de estranho neste texto, não notou? Pois você está absolutamente correto! Este texto é fictício. Não existe a cidade chamada ‘Ajudaí’. Esse nome foi criado a partir da expressão “Ajude aí”, como uma forma de pedir ajuda face ao problema para o qual o texto pede atenção: o cuidado com a qualidade da linguagem! Do subtítulo até o último ponto de interrogação, você leu uma série de pleonasmos intencionais, os quais, se parecem erros gritantes aqui, são expressões comuns no cotidiano tanto da língua falada quanto escrita. Ainda hoje, o Museu da Língua Portuguesa publicou uma imagem da fachada restaurada do prédio que o abriga em sua página na rede social Instagram (https://www.instagram.com/p/BixQM8qgIPS/). Na legenda, um dos pleonasmos mais frequentes: “pequenos detalhes”. A situação da nossa língua materna é tão crítica que até seus expoentes maiores já cometem erros primários. O grito de socorro vem do fato de que os erros gramaticais e ortográficos estão longe de serem apensa uma questão social e a sua tolerância em nome da inclusão é um equívoco tão grande e perigoso quanto o é o assistencialismo na política. Mas esses desdobramentos nós discutiremos em uma outra matéria.


Deixe a sua opinião! Seja ouvido e lido!

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