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  • Foto do escritorCássio C. Nogueira

Uma questão de sobrevivência

Atualizado: 3 de jan. de 2021

Talvez a coisa toda seja bem mais simples do que parece...



Uma disputa entre homens machistas e mulheres feministas, temperada com a liberdade dos gays, a retratação aos negros, o reconhecimento das etnias e a desigualdade dos pobres, tem moldado e regido polêmicas, conflitos e discórdias sobre praticamente todos os assuntos da existência humana, no mundo contemporâneo.


Queremos acreditar que lutamos por um mundo melhor para todos, mas talvez estejamos todos lutando com uma ilusão maior do que a nossa racionalidade é capaz de processar; uma neurose, ou pior, uma psicose, quem sabe... Será mesmo que a questão são as construções sociais? Aliás, será que algo é mesmo construído pela sociedade? Ou será que a sociedade é uma construção das disputas individuais?


O falo de Freud talvez não seja uma questão de “homem vs. mulher” e talvez não esteja no cerne disso tudo e, quiçá, nem mesmo o sexo em si seja a raiz dos problemas...


Imagine que, em essência, o ser humano, como todos as espécies de seres vivos, luta para sobreviver aos tempos, em um universo que de justo e bondoso nada tem. Um universo que preza pelo equilíbrio, é certo, mas um equilíbrio que não é o que nós, humanos, conceituamos por definição como uma forma justa de existência.


Equilíbrio, para o Universo ⸻e provavelmente para o Multiverso⸻, é o deslocamento dos recursos de um lado para outro, ou seja, se um lado acumula recursos, o outro acumula escassez. Olhe ao redor, na natureza intocada principalmente... Não há justiça. Há equilíbrio. A leoa caça o veado. Se a leoa come, o veado perde. Se o veado foge, a leoa perde. E quem perde mais vezes, deixa de existir. E é difícil ⸻se não impossível⸻ estabelecer um ponto onde mantenha-se o veado e mantenha-se a leoa.


Nós nos fortalecemos no coletivo e o homem consegue espalhar sua semente muito mais facilmente e rápido que a mulher, mas a mulher é quem efetivamente produz os indivíduos para o coletivo. Para nossa espécie crescer mais rápido, os homens precisam espalhar suas sementes a todos os cantos do Universo. Para o coletivo crescer mais forte, a mulher precisa selecionar as melhores sementes desse mesmo Universo.


A espécie humana quer sobreviver e, para tanto, precisa se sobrepor às outras. Homens e mulheres vêm “de fábrica” engajados nesse instinto de crescimento e, cada um à sua forma e intensidade, busca liderar a corrida à supremacia. Em tempos quando não conseguimos sequer conversar com assertividade sobre como posicionar o arroz em relação ao feijão, não estaríamos todos nos iludindo com a dissimulação de uma pseudo bondade maior, apoiada em um suposto amor supremo, embebido em uma ilusão do merecimento de uma paz divina que, de verdade, não passa de um mesquinho e instintivo desejo do mero e vulgar poder?


Poder esse que, quanto maior, melhores as chances de nossa própria sobrevivência e prosperidade, enquanto indivíduos, e intrinsicamente essencial para a supremacia desse subsistema que compomos, chamado humanidade?


Lembremos que a corrupção, inerente a todos os seres humanos, advém da simples combinação de dois únicos fatores: necessidade e oportunidade!


Talvez, e insisto, só talvez, seria mais produtivo começarmos a olhar para dentro de nós mesmos, conhecermos nossos limites e nossos desejos, aceitando os primeiros e permitindo os últimos, mas nos certificando que só sejam exercidos no coletivo a partir dos acordos mútuos com os limites e os desejos dos outros.


Afinal, você não precisa perder para eu ganhar, como o veado e a leoa... A não ser que você faça muita questão, quero dizer...

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